Variações, Ferreira e Zé Gomes (às vezes sabe bem lamechar)
Estou farta de fazer de conta que não escrevo coisas destas. Claro que sim! Estou é mais farta ainda de olhar para o que escrevo e ver sempre palavras difíceis e coisas muito metafísicas. Desta vez, numa tentativa de não enjoar, usei o mais simples que há. Pronto, está bem, TENTEI usar o mais simples que há.
O cansaço disfarçado começa a deixar-me com uma vontade maluca de desatar a berrar. Posso começar? Aaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh! Muito mais aliviada.
E agora levantava-me e era tudo diferente e eu nem tinha dado por nada. Isso é que era... Mas não é.
O problema disto tudo é a necessidade de haver firmeza nas decisões que tomamos. É uma espécie de António Variações: estamos bem onde não estamos e queremos ir onde não vamos; porque nós só queremos quem não queremos e não queremos quem queremos. Tomates. Agora era preciso ter tomates, mas não tenho. No sentido figurado da coisa ainda posso tentar arranjá-los, mas a realidade é que não os tenho. Pior é tê-los de verdade e não os ter a fazer de conta... Ao menos assim tenho desculpa.
Afinal preciso de gritar mais um bocadinho. Posso começar? Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh! Agora sim.
E depois é este cliché: o vazio de não ter e a solidão de não querer, apesar de (não) querer. E a seguir vem outra ideia feita: a desencaixada contradição disto tudo. E a vontade de partir a loiça (mesmo, isto agora não era imagem nenhuma) e de dizer palavrões. É capaz de ser um bom exorcismo ou, pelo menos, satisfazia-se uma vontade e evitavam-se mais umas quantas neuroses. Isto ao menos é concreto e não há aqui antítese nenhuma.
Depois de me ter lembrado do Variações, vem-me à memória não uma frase batida, mas várias, o que me remete imediatamente para o Virgílio Ferreira (nunca sei se é Vergílio ou Virgílio, mas também não me interessa, fica a segunda). E o que eu odeio - lá bem do fundo, é um odiozinho de estimação - este senhor. E pensar que tenho as mesmas secas de dúvidas existenciais que ele causa-me calafrios daqueles que a seguir fazem vomitar. Suores frios, mãos transpiradas, visão turva, tudo. Mas a verdade é que, se eu sempre disse que o senhor não conseguiu passar ali dos 14 anos, em que nos questionamos sobre coisas tão parvas como “O que sou?”, “Para onde vou?” ou “O que faço aqui?”, se calhar (de certeza), afinal, sou tão má como ele. Bolas, não queria nada cair naquela melancolia enjoativa dos livros dele. Até os títulos me fazem ir a correr para a casa de banho. Manhã Submersa, Aparição, Para Sempre, Até ao Fim... Aaarrrgh!
Apetecia-me mais que me viesse à memória qualquer coisa definitiva como “Tudo é igual, mecânico e exacto” ou, melhor ainda,
“Os outros decifram palavras cruzadas
e eu falo e sorrio...
(Mas a sofrer por dentro, a arrancar o cabelo,
por viver num mundo vazio
e só poder enchê-lo
de frio.)
Os outros decifram palavras cruzadas,
enigmas, teoremas...
E eu de súbito desato a rir às gargalhadas
e eu falo e sorrio...
(Mas a sofrer por dentro, a arrancar o cabelo,
por viver num mundo vazio
e só poder enchê-lo
de frio.)
Os outros decifram palavras cruzadas,
enigmas, teoremas...
E eu de súbito desato a rir às gargalhadas
num tinir de algemas...”,
mas não. Não estou propriamente a viver um momento José Gomes Ferreira, embora preferisse isso, todas as vezes, a um Variações ou Virgílio.
E agora, se não se importam, vou só berrar mais uma vez. É a última, prometo. Posso começar? Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh! Muito melhor.
Era mesmo só isto. A seguir ia começar a fase das palavras complicadas e dos conceitos que mais ninguém entende a não ser eu.
E agora deixo aqui a devida vénia à Ana e à Pinholas, pela inspiração.
32 Comments:
Como não estavas para abrir a porta entrei sem pedir licença, sei que não te vais importar, afinal de contas pela janela dos teus olhos chegamos onde tu deixas.
Vê tu como estamos todas hoje
uma joquinha
Esta porta está sempre aberta!
Falta o manta para nos fazer aterrar!!! :)
jocas, volta sempre!
Marta :)
quase sem palavras... foi assim que me deixaste!
Adorei o post, tens que te libertar mais vezes ;)... calculo que tenhas deixado escapar apenas um rugido quase silencioso... aguardo pelos próximos!
abreijinhos grandes!
Falta nos nossos bloguitos o nosso migo Manta , sem dúvida! :)
Claro, não ia desatar aos gritos aqui na redacção, se bem que é o que me apetece muitas vezes!
Obrigada, Ana :P
Abreijocas
Pois é, mas ele diz que não consegue sequer olhar para o computador, coitado... :(
É só absinto nessas veias!
anónimo:
LOL! É capaz... :) eh eh eh
O deserto
Que atravessei
Ninguém me viu passar
Estranha e só
Nem pude ver
Que o céu é maior
Tentei dizer mas vi você
Tão longe de chegar
Mas perto de algum lugar
É deserto
Onde eu te encontrei
Você me viu passar
Correndo só
Nem pude ver
Que o tempo é maior
Olhei pra mim
Me vi assim
Tão perto de chegar
Onde você não está
No silêncio uma catedral
Um templo em mim
Onde eu possa ser imortal
Mas vai existir
Eu sei
Vai ter que existir
Vai resistir nosso lugar
Solidão
Quem pode evitar
Te encontro enfim
Meu coração é secular
Sonha e desagua
Dentro de mim
Amanhã devagar
Me diz
Como voltar
Se eu disser
Que foi por amor
Não vou mentir pra mim
Se eu disser
Deixa pra depois
Não foi sempre assim
Tentei dizer...
Mas vi você
Tão longe de chegar
Mais perto de algum lugar
E desta será q?...
Quem pára de fazer essas perguntas aos 14 anos não deve conseguir evoluir muito... digo eu! :)
pinholas
Vamos para os copos!!!
rosa
Boa! Ainda bem! Então, afinal, não faz mal nenhum! ;)
Bora, eu tb quero ir paraos copos!
Vais mas é fazer de mirone, já que ninguém sabe quem tu és...
loooooollllllllllllllll !!! A anónima sou eu Martita looolllllll
pinholas: parece que estou a ver isso cantado por uma voz brasileira... ;)
marta: esse grito não chega. Tem de ser mais forte e mais alto! Quando chegares à rua que agora não dá muito jeito...
Não concordo com essa teoria dos 14 nem com a ideia que tens do Vergílio Ferreira. Passamos a vida toda com essas questões na cabeça. Aos 14 é só o princípio...
A Agustina - que não gostava do homem - dizia "detesto o homem, mas amo o escritor". Se bem que a Agustina, sendo boa escritora, não me fascine por aí além...
Já apanhaste o poema do Vitorino?
Ana,
lllllooooooooooolllllllll
Bolas, pensava que eras outro anónimo que às vezes aparece aí. E que é bem-vindo, claro, mas não se livra de "ouvir" umas destas!!!!! :)
ricardo:
Não encontro a Constança!!!
Eh pá, mas a mim enjoa-me. E se calhar comigo seria ao contrário da Agustina: gostaria do homem, mas não gosto do escritor. É que não gosto mesmo, enjoa-me, chateia-me aquele existencialismo todo.
E isso dos 14 não é teoria nenhuma, que nunca me debrucei muito sobre o assunto! eheheheh :)
Eu topei ;)! lolllllll
acho que nunca houve pior timing de aconselhamento de poema como este... quer dizer... já passaram quÊ? 30 horas? Vou mandar para o mail...
ana
Eh eh eh! Até amanhã!
ricardo
Manda para todos menos para este daqui do trabalho, que por acaso até acho que não tens! Eh eh eh!
E agora... Fui!!!!!!! Até amanhã!
Até amanhã! :)
Posso gritar ctg?
Fdx, preciso tanto...
Vai, vandoxa, podes começar! :)
Espero bem que seja! Claro que é!!!!! Eu tenho um cá em casa, mas tem 8 anos. Conta?!
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!
psssstttt... vim desejar uma boa noite :) ;)
oh, ana, tão queridaaaaaa!!! ;)
LLLLLLLLLLLOOOOOOOOOOOOOOOOOLLLLLLLLLLLLLLL
O Paulo de Carvalho??? Eh eh eh! Estás perdoado, gosto muito dessa canção! :) Eh eh eh! O Paulo de Carvalho... LOLOLOL
Martinha :) onde andas moça? Jititos
manta
Sempre a provocar... :)
puka
Esses míticos que nos pregaram grandes secas ao longo da nossa vida académica... Vida académica??? Qual vida académica?! Eh eh eh!
ana
Tive um dia um bocadinho atarefado... :)
hoje sinto-me assim também....
beijos
Então, berra aí!!! :)
Enviar um comentário
<< Home