quarta-feira, junho 25, 2008

Plutão, amigo, a Terra está contigo!

Corria o mês de Agosto de 2006, quando Plutão foi despromovido de planeta de primeira para planeta... anão!

Ora, praticamente dois anos depois, a União Astronómica Internacional resolveu agora criar uma nova categoria para os "pseudo-planetas". Decidiu chamar-lhes "plutóides". Não era já suficientemente humilhante Plutão, no final de contas, ser um planeta-anão? Não. A partir de agora, passa a ser um plutóide. E plutóide rima com... (Bom, deixo à imaginação de cada um, não quero ser politicamente incorrecta e, além disso, ainda me falta ter filhos, portanto, não vamos agoirar)

Desde essa fatídica altura, Plutão passou a integrar a categoria intermédia de objectos espaciais que não têm força gravítica suficiente para se imporem sozinhos na sua órbita. Em vez de o ajudarem a ser mais assertivo, tratam-no como lixo! A polémica é antiga. Plutão é um planeta diferente dos outros, gelado, muito pequeno e com cerca de seis vezes menos o diâmetro da Terra. E a isto eu chamo discriminação. Aliás, Plutão deixou de ser considerado planeta por ser "muito pequeno" e - oh, injustiça! -­ por ter uma "órbita excêntrica". Já não se pode ser... diferente?

O que eu sei é que a lenga-lenga "Mercúrio, Vénus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Neptuno e Plutão" ficará para sempre incompleta. E eu acho mal!

Já há dois anos propus criar uma nova OLP. Desta feita, a Organização para a Libertação de Plutão. Na altura, houve quem sugerisse uma manif em frente ao planetário e a mim parece-me pertinente voltar à luta.

Está na hora, está na hora, de o Sócrates se ir embora! Ai, desta vez a culpa não é dele? O que a força do hábito faz...

Plutão, amigo, a Terra já contigo!



(Não consigo editar o texto. Mas o que importa isso perante uma injustiça universal como esta? Também não quero que isto seja um post. É um postóide. E com muito orgulho!)

segunda-feira, junho 02, 2008

De palhaçadas está o circo cheio

Vou começar do princípio. Saí de casa por volta das 11 horas para entrar às 10h30 no trabalho. Estava já tudo a correr muito bem. Ia eu a fazer marcha-atrás para um lugar de estacionamento, quando vem uma senhor idosa (de todas as vezes que contei a história disse “velha”, mas escrito parece mal) a toda a velocidade, num jipe, e me bate no meu pequenino opel corsa. Ela, do alto do seu jipe: “Ó jovenzinha, ouve bem o que te vou dizer. Aprende, que eu não duro sempre.” Eu: “Alto e pára o baile! Jovenzinha o tanas, já basta pedirem-me identificação quando quero comprar tabaco!”* Ela: “Ah e tal, assinamos a declaração amigável e resolve-se tudo”. Eu: “Muito bem. Dá-se como culpada?” Ela: “Eu não tive culpa nenhuma.” Eu: “Nem eu. Chama-se a polícia.”

Chegou, então, a polícia. Dois homens e uma mulher. “Não têm coletes, nem puseram o triângulo, mas o que é isto?” – disse a senhora polícia, com toda a razão. A zona era exclusivamente de estacionamento, não se passa nada ali... Mas leis são leis, de facto. Toca a vestir os coletes, para entusiasmo dos espectadores, à janela. Acção! A senhora polícia continuou, desta vez para mim: “E estes pneus, o que é isto?” Estavam muito carecas, é verdade. Nem altos-relevos, nem baixos-relevos, nem nada. Lisos.

Depois dos procedimentos necessários, vem um dos senhores ter comigo. “Vamos apreender-lhe o documento único e tem oito dias para mudar os quatro pneus”, disse ele. “Os quatro?”, perguntei eu a fazer contas à vida. “Pois, os da frente estão carecas e os de trás não estão ‘omolgados’”, pareceu-me ouvir. E ouvi bem. Quando o senhor polícia me deu a guia de substituição do documento, tinha escrito que os pneus da frente não apresentavam condições de segurança para circular e que os de trás não eram “homolgados”.

No meio de tudo isto, a senhora polícia e o senhor polícia número dois iam conversando: “Ó Pereira [nome fictício], que horas são?”, perguntou ela. “Meio-dia”, respondeu ele. “Bolas, quero ir almoçar e ainda aqui estou... Pfff!”, considerou ela.

Recebi depois um telefonema durante a tarde, do senhor polícia número um, que me disse que afinal os pneus de trás estavam “homolgados” sim senhora e que bastava mudar os da frente. Caso o fizesse dentro dos oito dias, pagava o valor mínimo da multa, 24,95 euros.

Ora, trocados os pneus, fui ontem à esquadra. O senhor polícia número um olha para mim, suspira, e diz: “É por causa dos pneus, não é? Pffff, que sorte a minha... Onde é que tem o carro?”. Sempre com cara de enfado. “Está ali na segunda praceta”, disse eu já quase a pedir desculpa por estar a incomodar. “Então e não podia tê-lo trazido para mais perto?” - perguntou, levantando-se a custo. “Podia ter deixado o carro aqui em segunda fila, mas preferi não me pôr a jeito para uma multa nova e estacionei-o como deve ser”, esclareci. E lá fomos. “Servem”, disse-me ele referindo-se aos pneus.

Voltámos à esquadra e o senhor demorou meia hora para preencher uns espaços em branco num papel. Perguntou, ainda, a um colega como se escrevia “cêntimos”. Quando ele me deu o auto ou o levantamento do auto ou o raio-que-o-parta procurei imediatamente a parte dos “cêntimos” mas, infelizmente, ele não a escreveu mal. Perguntou a tempo. Foi pena.

Estavam mais três agentes naquela sala. Todos em amena cavaqueira, como se eu não estivesse ali. Um ligou o messenger, outra partilhava com os demais, eu incluída, que tinha a capacidade de gostar de toda a gente, ao que um terceiro respondeu: “Pudera, és uma ordinária!”.

Bom, tive vergonha por eles.




* quem conta um conto acrescenta sempre um ponto e eu aqui acrescentei vários