A Invenção do Amor

É o que dá terem as imagens à solta na Internet...

Em todas as esquinas da cidade
nas paredes dos bares à porta dos edifícios públicos nas janelas dos autocarros
mesmo naquele muro arruinado por entre anúncios de aparelhos de rádio e detergentes
na vitrine da pequena loja onde não entra ninguém
no átrio da estação de caminhos de ferro que foi o lar da nossa esperança de fuga
um cartaz anuncia o nosso amor

É assim que começa este poema do Daniel Filipe. (Quase que arriscava dizer que A Ivenção do Amor é o meu poema preferido, mas não posso.) E o poema continua, em tom de megafone...

É indispensável encontrá-los dominá-los convencê-los
antes que seja demasiado tarde
e a memória da infância nos jardins escondidos
acorde a tolerância no coração das pessoas

E continua... (Não posso dizer que é o meu poema preferido.)

Importa descobri-los onde quer que se escondam
antes que seja demasiado tarde
e o amor como um rio inunde as alamedas
praças becos calçadas quebrando nas esquinas

E há mais, muito mais! Mas não estou numa de partilhá-lo na íntegra. Fica só aqui um cheirinho (deste que não é o meu poema preferido).

Acabei de descobrir que em 1965 foi feita uma curta-metragem de 25 minutos, a preto e branco, cujo argumento é do Daniel Filipe. Chama-se A Invenção do Amor e a produção e realização é de António Campos. E agora onde é que vou desencantá-la? Alguém tem ideias?