Ramos Rosa e Herberto Hélder candidatos ao Nobel
Herberto Hélder
O PEN Clube de Portugal nomeou os escritores António Ramos Rosa e Herberto Hélder como candidatos ao prémio Nobel da Literatura de 2007. O clube anunciou que, pela primeira vez, se viu obrigado a submeter dois candidatos por estes terem reunido precisamente o mesmo número de votos entre os sócios.
Agustina Bessa-Luís e António Lobo Antunes não ficaram muito atrás de Herberto e Ramos Rosa, tendo obtido votações muito próximas destes.
O PEN Clube é uma associação internacional de escritores e foi fundada em 1921, em Inglaterra. A filial portuguesa foi criada em 1974, tendo como fundadores, entre muitos outros, Sophia de Mello Breyner Andresen, Manuel Alegre, Bernardo Santareno ou Casimiro de Brito, o actual presidente.
Depois do Saramago… eu votava no Herberto Hélder, apesar de gostar também muito do António Ramos Rosa. Mas gostos não se discutem e, para mim, o Herberto é genial! Ora vejam:
Se houvesse degraus na terra...
Se houvesse degraus na terra e tivesse anéis o céu,
eu subiria os degraus e aos anéis me prenderia.
No céu podia tecer uma nuvem toda negra.
E que nevasse, e chovesse, e houvesse luz nas montanhas,
e à porta do meu amor o ouro se acumulasse.
Beijei uma boca vermelha e a minha boca tingiu-se,
levei um lenço à boca e o lenço fez-se vermelho.
Fui lavá-lo na ribeira e a água tornou-se rubra,
e a fímbria do mar, e o meio do mar,
e vermelhas se volveram as asas da águia
que desceu para beber,
e metade do sol e a lua inteira se tornaram vermelhas.
Maldito seja quem atirou uma maçã para o outro mundo.
Uma maçã, uma mantilha de ouro e uma espada de prata.
Correram os rapazes à procura da espada,
e as raparigas correram à procura da mantilha,
e correram, correram as crianças à procura da maçã.
Herberto Hélder
Sobre o António Ramos Rosa também já publiquei uma coisinha. Aqui.
4 Comments:
Este homem que pensou
com uma pedra na mão
tranformá-la num pão
tranformá-la num beijo
Este homem que parou
no meio da sua vida
e se sentiu mais leve
que a sua própria sombra
António Ramos Rosa
(obrigado pelas cartas anónimas há 6 anos)
(ora essa, ora bem!)
e merecem...
bjos
Eu também acho! beijinhos
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