Grande Prémio de Poesia APE/CTT
António Ramos Rosa
o poema é um sistema de nervos e de músculos
que flúem entre pausas com o veludo do seu sangue
como um peixe flexível e sinuoso e lento
Ele alheia-se do mundo para perspectivá-lo
segundo as suas linhas de surpresa e harmonia
António Ramos Rosa venceu a edição deste ano do Grande Prémio de Poesia Associação Portuguesa de Escritores/CTT - Correios de Portugal 2005.
O poeta, com 82 anos, é natural de Faro e já foi distinguido com vários prémios nacionais e estrangeiros, entre os quais o Prémio Pessoa, em 1988.
Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas
Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação
Não posso adiar o coração
8 Comments:
Não posso adiar o coração,
Não posso adiar o coração,
Não posso adiar o amor, nãaaao...
and so on and so on...
Uma voz na pedra
Não sei se respondo ou se pergunto.
Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio.
Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho.
De súbito ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
A minha ebriedade é a da sede e a da chama.
Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.
O que eu amo não sei. Amo em total abandono.
Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.
Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.
Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.
Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.
António Ramos Rosa
"Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra. "
Muito bom...
Não conheço este senhor
Lá vai eu à procura....
Toupeira, o Ignorante
gentil
Não posso adiar este abraço...
ricardo
Mais uma vez, a pontaria. Gosto muito desse!
toupas
Vai lá que vais gostar!
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.
Talves não seja pontaria, mas os caminhos anónimos em que nos movemos não escolhem soluções alheias. É pena. Eu até nem sou nada mendigo, mas tenho pena. Ah pois... gosto do Ramos Rosa.
errata erratíssima: "talvez" mas que coisa estranha, a palavra talvez. se pudesse, jurava que não existia. posso? então juro que não existe. é possível que exista. existe. as palavras têm um sangue diferente de nós.
ola!
n conheço este tony mas é very very deep!
mas eu sou mais so q ainda ninguem me descobriu e n tenho 82 anos!
entretanto deixei so uma ultima palvra no comment anterior e so p n ter escrito p o boneco venho aqui chamar o centro da gravidade à minha pessoa!
beijitos, viva o glorioso e hasta la pasta!
ricardo
O ramos rosa é o maior. Disso não há dúvidas. Quanto ao resto... Que hora tardia era aquela?!
anouska
Esta maluca está de todo... O que é que andavas aqui a fazer a uma hora destas num sábado?!
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