quarta-feira, junho 27, 2007

Ah, mas isso era dantes… Agora nem pensar.




É que uma coisa destas nunca passou pela cabeça de ninguém... O que vale é que isto já foi há muito tempo.

(Lá para 2020 teremos mais uns quantos registos desclassificados referentes ao período de 1990 a 2010.)

sexta-feira, junho 22, 2007

Canto porque o amor apetece

Não canto porque sonho.
Canto porque és real.
Canto o teu olhar maduro,
O teu sorriso puro,
A tua graça animal.
Canto porque sou homem.
Se não cantasse seria
somente um bicho sadio
embriagado na alegria
da tua vinha sem vinha.
Canto porque o amor apetece.
Porque o feno amadurece
nos teus braços deslumbrados.
Porque o meu corpo estremece
Por vê-los nus e suados.

Eugénio de Andrade

quinta-feira, junho 21, 2007

Quatro anos de blog, quatro processos judiciais




José Sócrates apresentou uma queixa-crime contra o blogger António Balbino Caldeira devido ao conjunto de textos que este professor de Alcobaça escreveu sobre a sua licenciatura em Engenharia Civil na Universidade Independente (UnI), diz o Expresso Online.


Balbino Caldeira foi o primeiro a publicar informações sobre o caso da licenciatura do Sócrates. Só depois é que o assunto foi desenvolvido pelos media. Tramou-se.


> Do Portugal Profundo – o blog de António Balbino Caldeira.
> A primeira notícia do Expresso sobre o caso.


A minha alma está parva.

terça-feira, junho 19, 2007

Vou de vacances para a Francia e aproveito para ganhar algum argent a fazer a ménage



Rir ou chorar? That is the question!


Numa entrevista do jornalista João Bonifácio ao fadista Camané, publicada no suplemento Ípsilon, do jornal Público, a 27 de Abril, a paródia aconteceu…

A propósito de um espectáculo em que Camané interpretou músicas de Jacques Brel, o jornalista mostra uma grande admiração pelo cantor belga, nomeadamente, pela música “Ne me quites pas”. O que ele não sabe é que o nome da canção que ele tanto admira se escreve “Ne me quittes pas”… Mas a ignorância do entrevistador (e do entrevistado, é bom que se diga) vai mais longe. O Bonifácio quis mostrar que sabia, mas estava enganado. E perdeu uma bela oportunidade de estar calado…

João Bonifácio: É das canções de amor mais desesperadas que já alguém escreveu: ‘Deixa-me ser (...) o ombro do teu cão’...”
Camané: Ele queria ser o ombro do cão dela porque queria era estar ao pé dela, não queria que ela o deixasse. E nessa fase da canção existe o desespero: nem que seja uma mosca à tua volta, o ombro do teu cão, qualquer coisa, mas que eu possa estar ao pé de ti.

A reter: “o ombro do teu cão”. Desde quando é que o Brel é surrealista?

No original, a letra diz:

Laisse-moi devenir
L'ombre de ton ombre
L'ombre de ta main
L'ombre de ton chien


‘Ombre’ significa sombra, não ombro. E estes dois fizeram figura de totós. E o resto da malta do jornal? Será que ninguém leu aquilo antes de ser publicado? E o Bonifácio não percebeu ainda que não pesca nada de francês? Os dicionários são nossos amigos. E nisto das línguas, nem sempre o óbvio é a resposta certa.

Em relação ao Camané… tenho mesmo de dizer alguma coisa?

segunda-feira, junho 18, 2007

Proibições do fascismo português em livro


Licença para uso de isqueiro


Entrevista a António Costa Santos, publicada na revista Sábado desta semana, a propósito do lançamento de Proibido!, um livro que vem para avivar memórias. Ámen.

Paula Patrício fez o favor de transcrever a entrevista e eu vou ali fazer um copy/paste. Com a devida vénia, claro está.



Cá vai…


Chegou à hora combinada, acompanhado da mulher, Cristina, para beber café. Ela de calças (coisa feia), e ele de cachimbo e isqueiro na mão (sujeito a uma multa de 250 escudos por não ter licença). Há 40 anos, a entrevista com António Costa Santos não seria possível porque 'o ajuntamento de mais de três pessoas' podia ser considerado crime. O seu livro Proibido!, onde ironiza sobre a 'moral castradora da ditadura' e acrescenta um capítulo sobre 'as proibições ridículas que se mantêm em vigor' - também não existiria. E como afinal uma falha de electricidade não permite tomar café, despediu-se da mulher (57 escudos de multo pelo beijo público) para dar início à conversa com a Sábado. Apesar do medo que tem deste governo socialista 'com tendências autoritárias', não houve interrupções policiais nem multas a aplicar.


A primeira pergunta obrigatória é: onde é que estava no 25 de Abril?
Tinha 16 anos e estava no último ano do liceu. Era colega do neto do Américo Tomás e dos filhos de outras figuras gradas do regime. O Pedro Nunes era um liceu de elite, cheio de proibições.

E pôs muito da sua experiência neste livro?
Sim, porque o fascismo sentia-se no dia-a-dia, nas pequenas coisas. Eu levava uma estalada de um polícia à porta do liceu das minhas irmãs, o Maria Amália, porque os rapazes não podiam 'estacionar' à porta dos liceus femininos. fui detido, ao longo da adolescência, umas 20 vezes, por tudo e por nada. Por dar um beijo na boca a uma namorada, aos 15 anos, na praia de Santa Cruz, por exemplo. Houve umas velhinhas numa esplanada que não gostaram e chamaram a Guarda Republicana.


Uma das coisas que mais o impressionou na pesquisa que fez foi o tratamento dado às mulheres. Sobretudo a questão do emprego.

Sim. O marido podia pedir ao patrão que a despedisse e a mulher só trabalhava com a autorização do marido. Acontecia bastante no operariado, os maridos machos não quererem que a mulher trabalhasse, mesmo precisando de dinheiro.

O facto de não se poder casar com professoras também tinha a ver com isso.

O marido tinha a obrigação de sustentar a família. Portanto, para uma professora se casar tinha de apresentar um atestado do emprego do futuro marido em como ele ganhava mais do que ela. Caso contrário, o governo não autorizava.

E casar com enfermeiras foi mesmo proibido até Junho de 1974.
Isso tinha a ver com a necessidade de as mulheres casadas serem recatadas e sérias. Não podiam ter profissões que as expusessem à vida nocturna. E as enfermeiras tinham de fazer turnos de noite.

A mulher não podia sair do País sem autorização do marido, nem andar sozinha à noite...
Sim. Uma mulher que fosse a uma farmácia de serviço à meia-noite podia ser incomodada por um polícia ou por um guarda-nocturno, porque à noite só as prostitutas.

E até mostrar o umbigo era proibido...
Sim, o biquíni só começou a usar-se em 72 e 73. A parte de baixo era de gola alta e o sutiã era uma coisa bastante abrangente. Havia uma praia na linha, a do Tamariz, que era muito frequentada por inglesas e lembro-me de os rapazes fazerem excursões para verem os biquínis mais pequenos. Eu também.

E se fossem de bicicleta tinham de ter licença.
Eu nunca tinha e andava a fugir à polícia. Era uma fonte de rendimento das autarquias.

Tal como as multas por sacudir o pó à janela.
Isso ainda é proibido. Havia polícias especializados à espreita das limpezas matinais e as vizinhas até se denunciavam umas às outras. Era o espírito de nos policiarmos uns aos outros. E o Estado a todos.

E o que é que o Estado queria evitar ao proibir jogar às cartas nos comboios?
O vício. É a vontade do Estado de ser nosso pai e nossa mãe.

Mais conhecida é a censura na literatura, na música e no cinema. Mas havia livros que, surpreendentemente, não eram banidos, como Diários de Che Guevara.
Lembro-me também de A Infância, de Maximo Gorky, que comprei na Feira do Livro, em 1969. Mas a censura aos livros era completamente estúpida e aleatória. Invadiram uma vez a editora Europa-América e apreenderam o ABC da Culinária. Era mais para prejudicar os editores.

Onde é que se compravam os livros proibidos?
Eu sempre tive discos e livros proibidos em casa que se arranjavam nos alfarrabistas, onde havia códigos para comprar. Eu comprava - e isso é uma coisa engraçada - na União Gráfica, em Santa Marta, que era uma livraria ligada ao Patriarcado. A PIDE e a Censura recolhiam os livros proibidos em todas as livrarias menos ali, porque não era preciso. Então eu ia lá comprar os discos do Zeca, do Sérgio Godinho, do Zé Mário Branco. Quando sabíamos que estava para sair um livro de um escritor maldito, como o Manuel Alegre, ele punha o livro à venda hoje e a PIDE ia lá amanhã, no próprio dia a edição esgotava.

Que proibições é que o irritam?

Há uma série de proibições ridículas e desnecessárias. Por exemplo, é proibido plantar árvores de fruto ou plantas para alimento nos cemitérios. Mas alguém anda a plantar couves nos cemitérios? Outra coisa que não é proibida mas toda a gente acha que é, inclusive os agentes de autoridade: conduzir descalço ou com chinelos. O capítulo do livro sobre as proibições ridículas que se mantêm em vigor serve para provar que o proibido estava muito ligado ao regime mas é exclusivo do regime.

É uma questão cultural...
Acho que é cultural atávico no português. Ultimamente, não sei se por termos um governo que, embora socialista, considero que tem características autoritárias - impõe, pelo menos, o espírito do tem que se fazer e há agora este caso do professor que foi suspenso por ter feito uma piada sobre o curso do primeiro-ministro. Começo a ver as pessoas a comportarem-se como se fôssemos polícias uns dos outros.

O exemplo da Coca-Cola, proibida antes e depois do 25 de Abril, mostra que a proibição não tem a ver com a Esquerda e a Direita políticas.
Sim, o Partido Comunista foi contra a introdução da Coca-Cola e a favor da Pepsi, que era engarrafada numa empresa nacionalizada e, por isso, já não era a 'beberagem suja do imperialismo'. É cómico.

Ficou surpreendido quando Salazar foi agora eleito o Grande Português?
Não. Para já, não dou o menor valor àquela fantochada. E depois, apeteceu-me telefonar para lá e votar nele. Por brincadeira. Acho que há o voto militante, mas muitos daqueles votos são anarcas. Sendo anti-Salazarista de pai e mãe, porque vivi essas proibições, tenho mais medo do Sócrates e do ministro das Finanças do que de Salazar. Arranjam novos esquemas para proibir...


sexta-feira, junho 15, 2007

Make love not war?




O Homem e o Mundo no seu melhor!

Uma organização em Berkeley, que controla os gastos militares, diz ter descoberto uma proposta para criar uma bomba hormonal que provoca comportamentos homossexuais.

E o Pentágono, claro, chegou a considerar a ideia, corria o ano de 1994…

A sério! Houve mesmo um projecto para levar avante esta brilhante ideia de um homofóbico qualquer!

O objectivo da “bomba gay” seria tornar os soldados inimigos homossexuais, focando-se a sua atenção no sexo e não nos combates. Isto através de um químico libertado pela bomba que faria com que os soldados «entrassem em colapso por causa da atracção irresistível entre eles», segundo Edward Hammond, do Berkeley’s Sunshine Project.

Colapsos, neste caso, só de riso, porque o projecto morreu…

A ideia veio no seguimento de uma política de esforço militar para desenvolver armas não letais. O laboratório da Força Aérea, responsável por esta invenção, pediu cerca de sete milhões e meio de para desenvolver a arma química.


Eu juro que isto não é uma piada! Quer dizer, é, mas baseada em factos. Vejam no Sol.

E a seguir o que é que vão inventar? A bomba da flatulência? A bomba que faz com que as forças inimigas se julguem galinhas? Primeiro o Enola Gay, agora isto. Estes americanos... ihihih!

segunda-feira, junho 11, 2007

Os Pearl Jam são como o vinho do Porto… parte II*


No final a bebedeira era um bocado grande (nada de novo) e o cabelo estava encharcado… E cá para mim ele não tinha a mínima vontade de se ir embora.


Como sempre, os maiores!
Como sempre, memorável!
Como sempre, o público em êxtase!
Como sempre, cantei, berrei, saltei e emocionei-me! Sou sensível a cantorias em uníssono. Sobretudo quanto proporcionadas por um grupo de… hum… para aí umas 30 mil pessoas! Basicamente, foi a loucura!

Tal como nos concertos de Setembro, o Eddie falou em português, com um “Que se foda Madrid!” um bocado escusado, mas a deixar a audiência histérica. Isto porque no dia seguinte os Pearl Jam dariam concerto na capital espanhola e, quando eles disseram que tinham mesmo que se despedir por causa disso, ouviu-se um “buuuhhh!” geral. Chauvinismos!



Se já se tinha percebido em concertos anteriores a afinidade entre os Pearl Jam e o público português, no de sexta-feira passada, este facto saiu reforçado. O Eddie Vedder esteve constantemente a conversar com o público e fica para recordar a pose de todos os elementos da banda, no final, de braços cruzados, em forma de reconhecimento.


> Tantas e tão boas!

Interstellar Overdrive
Corduroy
Do The Evolution
World Wide Suicide
Animal
Elderly Woman Behind The Counter In A Small Town
Severed Hand
Even Flow
Big Wave
Daughter
State Of Love And Trust
Life Wasted
Alive
Given To Fly
Why Go
Better Man
Crazy Mary
Rearviewmirror
Black
Rockin' In The Free World
Yellow Ledbetter




Vemo-nos para o ano?! Era bom…


* Os Pearl Jam são como o vinho do Porto… parte I

sexta-feira, junho 01, 2007

O trânsito


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